Fonte: G1
Retinopatias são lesões não inflamatórias da retina ocular. Assim como o glaucoma, a neurite óptica, entre outras, são doenças que não têm cura. Alguns tratamentos e cirurgias impedem o avanço, mas não recuperam a visão perdida. Isso só acontece, em alguns casos, através de transplante.
Porém ciência tem apostado na regeneração celular como solução contra a cegueira. Muito já foi divulgado sobre o assunto, mas um estudo publicado por pesquisadores do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ICe/UFRN), em parceria com o Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN) e o Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ, representa um grande passo nesta corrida.
Com o título “Evidência da conversão de Müller glia em células ganglionares da retina usando Neurogenin2”, a pesquisa publicada no jornal suíço Frontiers in Cellular Neuroscience mostra ser possível converter células gliais de Müller (MGCs) em neurônios com características típicas de neurônios da retina, tais como fotorreceptores e células ganglionares.
O avanço dessa pesquisa poderá contribuir, futuramente, segundo os pesquisadores, para o desenvolvimento de terapias gênicas em humanos, oportunizando possíveis tratamentos contra as cegueiras ocasionadas por retinopatias degenerativas.
As glias de Müller, tipo de células gliais da retina que levam esse nome por terem sido descritas em 1851 por Heinrich Müller, são encontradas na retina de vertebrados e têm papel de suporte dos neurônios da retina.
Os pesquisadores indicam que estudos anteriores haviam demostrado que as MGCs podem retomar a proliferação em retinas lesionadas de camundongos adultos. Contudo este processo é muito lento se comparado à reparação tecidual na retina de peixes adultos, em que as MGCs praticamente regeneram toda a retina após uma lesão.
O novo estudo, o do ICe, mostrou que as MGCs de roedores adultos e recém-nascidos podem ser geneticamente reprogramadas em neurônios através da expressão de um único gene exógeno.