Geofísicos do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) devem voltar aos municípios de Poço Branco e Taipu, na região do Mato Grande, onde pretendem instalar mais equipamentos de medição com o objetivo de definir o epicentro dos terremotos registrados no último sábado e no início da tarde de ontem. A estação instalada no município de Riachuelo registrou um sismo de 3.8 graus na Escala Richter — sábado o tremor atingiu 3.0 na mesma escala -, mas os sismólogos não sabem com precisão se os abalos foram ocasionados pelo sistema de falhas geológicas Samambaia ou Poço Branco. Em outros dois estados da região Nordeste, Paraíba e Pernambuco, há registros ou relatos de pessoas que sentiram os tremores.

Inicialmente, os geofísicos davam como certo que o epicentro dos tremores seria no município de Taipu, distante 52 km de Natal, mas no final da tarde de ontem, durante visita à região, optaram pela realização de novas medições. Em Poço Branco e Taipu há registros de casas cujas paredes racharam com a intensidade dos tremores. Não relatos de pessoas feridas.

O tremor de ontem era o assunto nos restaurantes, rodas de conversa entre amigos nas ruas da capital e cidades da Grande Natal, onde as pessoas sentiram o chão tremer. Em Natal, os relatos chegaram de pessoas que estavam em casa ou trabalhando e rapidamente passou a ser o principal assunto no Twitter.

“Não há como prever se teremos outros sismos. Mas é importante as autoridades se manterem alertas. Nossa parte estamos fazendo, que é monitorar e informar”, disse Aderson Nascimento, vice-coordenador do Laboratório de Sismologia da UFRN.

A magnitude de 3.8 graus é preliminar, e somente após obterem as medições das outras estações é que será possível dizer com maior precisão quantos graus na Escala Richter. “Faremos uma média com os dados de todas as estações — são quatro ao todo no Rio Grande do Norte — para chegar ao dado mais próximo do real”, afirma Aderson, doutor em Geofísica pela Universidade de Edimburgo (Escócia).

As informações disponíveis e analisadas até ontem não eram suficientes para precisar se esses terremotos têm relação com os abalos de João Câmara, na década de 1980. À época, tanto a falha Samambaia quanto o sistema de falhas de Poço Branco ocasionaram sismos.

O geofísico explica que o tremor é decorrente da enorme liberação de energia acumulada a partir do movimento de massa, nesse caso em uma zona de falha geológica. Essa compressão entre blocos (imensos pacotes de rochas) e a sua liberação de energia acarretam a formação de ondas de energia — que na superfície é perceptível como tremores.

Muitos desses sismos são registrados; outros imperceptíveis pelo homem. Os eventuais estragos na superfície variam não apenas com a magnitude, mas também de acordo com os tipos de rochas pelas quais as ondas se propagam, ou características das estruturas de engenharia.

No Rio Grande do Norte existem quatro estações de medição (sismógrafos) — Riachuelo (digital), Pau dos Ferros (digital), Tabuleiro Grande e João Câmara, analógicas. No Recife, a sede do Tribunal Regional do Trabalho foi evacuada tão logo funcionários tiveram a sensação de que os prédio tremiam. A situação se repetiu em condomínios residenciais. Em João Pessoa, as emissoras de televisão receberam ligações de moradores pedindo informações sobre os abalos sísmicos.

FONTE - www.tribunadonorte.com.br