São quatro os novos casos similares à gripe suína em estado de observação no Rio Grande do Norte. Enquanto a Secretaria Estadual de Saúde anunciava ontem à tarde que mais três pacientes encontravam-se isolados em hospitais da rede privada da capital, um novo paciente com sintomas suspeitos da doença era transferido do Hospital Regional de Assu para avaliação no Hospital Giselda Trigueiro, referência em doenças infecto-contagiosas no estado.

A paciente de Assu está sendo considerado, até agora, o caso mais provável de infecção pelo vírus H1V1 no Rio Grande do Norte. Trata-se de um rapaz, natural do município de Castanhal, no Pará, que morou os últimos seis meses em países como Panamá e Costa Rica, onde o índice de contaminação é considerado alto.

“Ele disse que teve contato com mexicanos no aeroporto, quando voltava para casa”, afirmou a auxiliar de enfermagem do hospital de Assu, Joana D’arc. De acordo com ela, o paraense queixou-se de sintomas relacionados a cefaléia, febre, mialgia, coriza e dor na garganta, o que, somados ao fato dele ter estado recentemente em países da América Central, foram determinantes para o médico plantonista tê-lo encaminhado para Natal com prescrição de possível caso de gripe suína. O paciente retornou ao Brasil há seis dias e está no Rio Grande do Norte há dois, para trabalhar na fábrica Delmonte, em Ipanguaçu. “Ele veio fazer o exame para admissão e o médico acabou constatando o problema”, expôs Joana D’arc.

Os três outros casos recentes de suspeita da gripe suína, divulgados no início da tarde de ontem pela Sesap, incluem uma pessoa da convivência com o potiguar que esteve no México e chegou a ser internado, no início da semana, para observação. Esse primeiro caso suspeito espera por resultados de exames, mas os médicos consideram mais provável que se trate de uma crise de sinusite. O paciente já foi liberado e está emc casa.

A subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica, Juliana Araújo, não soube responder se a pessoa que apresenta sintomas suspeitos é de sua família ou amigo próximo do primeiro paciente. “Nós fizemos uma busca com ele e localizamos o segundo caso, o mesmo que o MS já tinha divulgado”, assinalou.

Juliana explicou que houve resistência por parte do rapaz em apontar um possível contágio através de sua pessoa. “Ele não queria dizer absolutamente nada. Só posso dizer que é uma pessoa que teve contato próximo e apresentou os sintomas também”. Em relação aos dois outros casos, são duas pessoas que chegaram em Natal ontem, dos Estados Unidos – uma de Nova York e a outra do Texas. Ambas procuraram hospitais particulares da capital e se encontram internadas, isoladas dos demais pacientes e em observação. “Já coletamos o material dos dois”, garantiu Juliana.

Enfermaria adaptada

Por determinação da governadora Wilma de Faria e do secretário de Saúde, George Antunes, a equipe do Giselda Trigueiro esvaziou uma das enfermarias para isolar o paciente tão logo foi acionada sobre o caso. O secretário George Antunes reconheceu, na última terça-feira, durante coletiva à imprensa, que a unidade hospitalar – a única da rede pública especializada em doenças infecto-contagiosas - não dispõe da estrutura necessária para enfrentar uma pandemia. Além de carecer de um setor de isolamento o hospital não possui um sistema de exaustão, indispensável para destruir as partículas virais no ar, antes que outros pacientes sejam contaminados.

Paciente acredita que seja “dengue”

O engenheiro agrônomo Deizyt Ribeiro da Silva é o brasileiro que foi internado no Hospital Gizelda Trigueiro, na noite de ontem, com suspeita de ter contraído a gripe suína. Ele chegou às 20:40 no hospital que é a unidade referência no tratamento de doenças infectocontagiosas em Natal, numa camionete Toyota cabine dupla, proveniente de Assu e estava acompanhado de uma mulher, além do motorista. Todos portavam máscara hospitalar.

Silva demonstrava uma certa tranquilidade, esperançoso que a doença que o acometeu não passe apenas de uma gripe comum. Ele confirmou que sentia dores no corpo e nas articulações, “como se fosse uma dengue”.

Ele ainda explicou que começou a sentir o sintoma de gripe há três dias, logo depois que chegou de viagem da Costa Rica, na América Central, onde tinha ido visitar familiares: a filha Dasmin e a sua mãe, Gabriela.

Moreno e de 27 anos, com estatura mediana, o agrônomo não precisou de maca assim que chegou no Hospital Gizelda Trigueiro. Ele desceu e saiu andando para falar com os repórteres no pátio por trás do pronto-socorro do HGT.

Depois, ele foi encaminhado para o laboratório, onde foi, inicialmente, atendido pela infectologista Edna Palhares.

O médico de plantão, Petronio Spinelli, foi quem saiu para falar com os jornalistas, e explicou que o quadro do paciente era estável. Segundo ele, para começar, estava sendo colhido sangue do paciente para ser examinado, além de material SUAB a ser remetido para um laboratório em Belém (PA), com finalidade de feito o isolamento do vírus, a fim identificá-lo para ver se é realmente da gripe suína. Também seria feita uma radiografia pulmonar do paciente.

Spinelli ainda informou que o agrônomo ficará isolado numa enfermaria, no primeiro andar do Hospital Gizelda Trigueiro. Ele disse ainda que o quadro do paciente, a principio, não apresenta uma situação clínica forte e ele foi internado mais por precaução, acreditando mesmo que a virose não tenha relação com a gripe suína.

A plantonista da administração Vanilde Pereira, disse que só na manhã de hoje a direção do HGT poderia se pronunciar oficialmente sobre o caso, até porque o agrônomo ficaria em observação quanto ao quadro de saúde.
FONTE - www.tribunadonorte.com.br