O saldo de empregos – número de admissões menos demissões – no Rio Grande do Norte continua negativo. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que em abril o estado teve um número de 2.627 desligamentos a mais que as contratações. No quarto mês do ano, 13.002 postos de trabalho foram fechados superando em 11,54% os números de abril de 2008.

A queda na evolução do emprego mostra que os números negativos foram puxados pelo setor de Agropecuária que liderou o ranking de saldo negativo potiguar (-1.363). Foram 1.718 demissões nos empregos rurais contra apenas 355 contratações.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do RN, Manoel Cândido da Costa nesse período de chuvas o setor da pecuária demite, porque os proprietários de fazendas tem mais pasto e não precisam de trabalhadores. “Aliado a isso temos o setor de fruticultura que também dispensa pessoal. No inverno, não há necessidade de manter homens no nas fazendas de produção de frutas eles param tudo”. Para o presidente da Fetarn, a partir de julho quando o inverno diminui no Oeste, o setor voltará a contratar. Ele reforça dizendo que as demissões na agricultura não são por conta da crise econômica, mas se repete todos os anos nesse período “é uma coisa sazonal”.

Mas, quando comparados apenas os desligamentos, os Serviços foram os que mais demitiram no estado: 3.487. Paradoxalmente, o setor foi também o que mais contratou - 3.898 novos postos – o que ajudou um dos setores mais importantes do estado a manter seu saldo positivo em abril. No acumulado do ano, os números também são negativos. De janeiro a abril, 43.046 admissões foram realizadas contra 56.509 desligamentos. O saldo negativo foi de 13.463 demissões a mais.

Em Natal, o saldo de empregos foi positivo, mas ficou bem abaixo do resultado alcançado em 2008. A diferença em abril foi de apenas 18 admitidos sobre os demitidos. No ano passado, a capital alcançou um saldo positivo de 1.446 novos postos. Os desligamentos cresceram 4,5% - de 5.739 para 6.002 – enquanto as contratações caíram 16,21%: passaram de 7.185 para 6.020.

Assim como no estado, o setor de Serviços foi o que mais demitiu, mas também o que mais contratou. Foram 2.809 pessoas admitidas em Natal contra 2.240 desligamentos. O pior saldo ficou com o Comércio que teve resultado negativo: -301.

Nacional

Os números do Rio Grande do Norte seguiram a tendência inversa do cenário nacional.

Os números divulgados pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, mostraram uma recuperação dos empregos no país. Pela primeira vez no ano o saldo de vagas com carteira assinada foi positivo na indústria. E o Brasil gerou mais de 106 mil postos no quarto mês do ano, crescimento de 0,33% em relação a março

O número de admissões em abril foi de 1,3 milhão, o segundo maior da série do Caged, e o de desligamentos foi de 1,2 milhão o maior da série histórica para o período, mostrando um aumento de 2,95% em relação ao mesmo período do ano anterior. Para o MTE, no entanto, esse resultado indica uma desaceleração em relação ao percentual de crescimento observado em 2008 (24,48%) em relação a 2007.

Caso seja mantida a velocidade de criação de postos de trabalho nos próximos dois meses, em julho o Brasil deverá voltar ao nível médio de geração mensal de 200 mil postos de trabalho como ocorreu no segundo semestre de 2008, afirmou o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann.

Segundo ele, o número de 106.205 vagas novas apurado em abril pelo Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) em todo o País foi uma surpresa positiva em relação aos 34.828 postos abertos em março. “A reação favorável apontada pelos dados do Caged foi causada pela melhora da economia, motivada sobretudo pela política anticíclica adotada pelo governo, que incluiu a redução de impostos”, comentou.

Economista diz que reação em abril foi tímida

São Paulo - O estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Roberto Padovani, disse que, apesar de o Ministério do Trabalho divulgar que a quantidade de empregos formais criada no País em abril mostrou uma recuperação em relação aos números de março, o movimento ainda foi bastante tímido ante as perdas observadas após os efeitos da crise financeira internacional na atividade nacional. Em entrevista à Agência Estado, ele avaliou que os números do mês passado foram até melhores do que uma parte do mercado esperava, mas, quando a comparação é feita com outros períodos, como o mesmo mês de 2008, os resultados ainda são insatisfatórios. “Seja no acumulado de 12 meses, na comparação interanual ou retirando efeitos sazonais, nota-se que, da mesma maneira que o emprego industrial, o emprego formal não parece reagir muito”, comentou.

Segundo Padovani, a discussão atual entre os economistas é saber até onde seguirá a piora do desemprego, na comparação com o período bem mais favorável da economia no ano passado. “Há um grupo mais otimista, do qual eu faço parte, que acredita que uma parte da piora do emprego formal não pode ser traduzida para desemprego de uma maneira direta por conta da informalidade, que aliviaria os resultados negativos. O grupo mais pessimista acredita que há uma relação mais próxima entre os dois segmentos, o que indicaria a tendência de um desemprego geral maior”, explicou. Sobre a expectativa para a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) de abril, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciará na quinta-feira Padovani disse que continua com uma projeção de taxa de 9,50% para o desemprego, o que representaria um aumento ante o resultado de 9,00% de março.
FONTE - www.tribunadonorte.com.br